domingo, 14 de março de 2010

SOBRE BORBOLETAS...


Uma lagarta nasceu de pequenos ovinhos germinados sobre as folhas verdes do chão de uma linda Floresta. Rastejava sobre a terra buscando se firmar. Aprendia a viver assim conhecendo outras lagartas, alimentando-se, subindo nas árvores, abrigando-se na umidade da terra, em um ritmo para muitos, muito lento e para ela natural.
Dia após dia vivendo rastejando sobre a terra.Um dia chegada uma certa hora, hora que talvez só ela soubesse qual, um processo novo acontecia.
Começou a tecer um casulo, como uma casca acinzentada, a sua volta envolvendo-se inteira, como se protegendo, e ali foi ficando por um bom tempo, tempo que a Sabedoria da Natureza determinava como sendo necessário.
Interessante que muitas pessoas, ao olharem para aquele casulo pendurado em um galho achavam que ali não havia vida, parecia mesmo estar tudo morto.
- Não há movimento aparente, não há cor, não há som, então não há vida (alguns diziam).
Outros curiosos diziam já ter aberto outros casulos e o que viram?
Uma massa se movimentando de forma extremamente lenta. Que coisa esquisita pensavam. E os dias se seguiam.
E por incrível que pareça, pois existe um tempo para tudo, quando menos esperávamos, aquele mesmo casulo foi tomando uma certa tonalidade, um pouco de cor, como se fosse ficando quase transparente.
E na sabedoria do tempo começaram a aparecer cores dentro deste casulo e suaves movimentos.
Em um dia de sol, o casulo iniciou a abrir, e algo começou lentamente a sair de dentro, e a abertura foi aumentando.
E algo colorido, com movimentos leves se espreguiçasse, abrindo-se mais aos raios do Sol, e numa espécie de magia, lindos pares de asas coloridas se estenderam, este novo corpo que nasce, ou renasce buscando no desequilíbrio o seu equilíbrio, começando a se movimentar mais.
E o casulo abre inteiramente...
O que vemos?
Aquele Ser em forma de uma linda Borboleta!
Que ali está pronta para voar.
Voar em direção a luz do sol para se aquecer.
Buscando mais brilho, mais cores...
Agora aquela lagarta pode ver e sentir o mundo de diferentes ângulos, sendo borboleta.
Ela voa alto, na copa das árvores. Voa alimentando-se no néctar das flores.
É leve... e livre!
É suave... embeleza a vida!
Parecendo frágil... muito forte se revela!
Agora semeando o pólen das folhas que em suas patas transporta delicadamente.
Semeia mais vida e beleza na Natureza...
E em suas angelicais passagens, entrega por sobre as folhas pequenos ovos.
Para que nasçam novas lagartas...
Elas já nascem sabendo no seu íntimo que um dia voarão...
E vivem a vida tranqüilamente,
Rastejando por sobre a terra,
Para um dia voar livremente.

Do livro: De bem com a Vida, Vânia Lúcia Slaviero - Edição da autora

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